Page 32 - Da Terra
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Mas foi então que a mulher pensou:
- Oh homem… isto é que está aqui uma coisa jeitosa, então e agora como é que vamos transportar o depósito para casa?
O homem resmungou logo:
- Fui na tua conversa… e agora o depósito está enorme. Pesadíssimo. Ferro e cimento!
- Não fui eu que o construí! - Disse a mulher - Pensei que soubesses o que fazias!
Os dois ficaram ali a discu r durante um bocado. Até que o homem, irritado, disse à sua esposa:
- Vai para casa, que eu trato do assunto. O depósito irá para o seu lugar.
No dia seguinte, o homem foi falar com um vizinho que nha uma junta de vacas. Arranjou também uns troncos de
eucalipto: três troncos grossos de eucalipto e meteu-os debaixo do depósito com a força de dez homens que ele
arranjou entre a vizinhança. Atou o depósito à canga das vacas com uma corda bem presa. As vacas iam andando e os
homens, de um lado e do outro, iam metendo os troncos e estes iam rolando, rolando… fazendo avançar o depósito.
Mas aquilo ainda era longe e toda a vizinhança veio ver aquele acontecimento. E uns aplaudiam. Outros riam…
Quando chegaram à adega, foi com muito custo que colocaram o depósito no sí o. Quando deram por concluído o
trabalho, o homem chamou a mulher:
- Então… está ou não está no sí o? Agora, cabe-te a enfornar o depósito.
A mulher entrou para dentro do enorme depósito e com aguardente vinícola foi desinfetando todo o espaço para
depois poder colocar o vinho lá dentro. Mas nunca mais de lá saía… com um depósito daquele tamanho. O homem de
vez em quando perguntava:
- Está a correr bem?
- Ai homem, para que é que fizemos um depósito tão grande - queixava-se ela.
É claro que no final, depois de esfregar o depósito todo com aguardente, a mulher saiu de lá bêbeda só com o cheiro!
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